Posso fugir mas não me posso esconder
Agosto 30, 2022A idade da inocência
Agosto 30, 2022Fora do vulgar
Demasiado racional para entender seja o que for
Demasiado emocional para lidar com o amor
Se as palavras simplificam o pressuposto complicado
Elas também abrem espaço para o monstro fechado que há em nós
O meu espelho não é feito de vidro trabalhado
Ele é feito de vocábulo, nem sempre cuidado
Não é bom guardar a raiva, convém deixa-la sair
Preparando o coração para aquilo que há de vir
Que pai é este que está sentado na sala?
Que mãe é esta que te ama e não te abraça?
Que irmã é essa que te inveja e se cala?
Quem é o homem que te beija e agarra?
Que mãos são estas que me tocam enquanto durmo?
Que rua é esta onde me perco enquanto corro?
Quem são os olhos que nos espreitam no escuro?
Quem é o anjo que me salva quando morro?
Se Deus os condenasse
Se a vida os levasse
E se a calúnia os matasse
Eu dou, tu dás, eu quero, tu és, eu sou
Quem são aqueles que estão deitados na estrada?
Desesperados, que perderam a esperança
Onde estão os que foram enganados?
Onde estão os que têm a bonança?
Quem são aqueles que esbanjam o que roubaram
Aos que venceram e lutaram pelo povo?
Quem são os outros que partiram e não voltaram?
Esperam a vez para renascer de novo
Se Deus os condenasse
Se a vida os levasse
E se a calúnia os matasse
Eu dou, tu dás, eu quero, tu és, eu sou
Ah, se Deus os condenasse
Se a vida os levasse
E se a calúnia os matasse
Eu dou, tu dás, eu quero, tu és, eu sou